Manifestação dos caras de pau

Um leitor anônimo do Diário me enviou - quero crer com a melhor das intenções - o anúncio de uma “Manifestação Pacífica” em Brasília, marcada para 05 de junho próximo: 

"EM DEFESA DA FAMÍLIA TRADICIONAL, DA VIDA, DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E RELIGIOSA".

Não é preciso dizer quem está encabeçando isso. Evangélicos não gostam de se expor, preferem agir por debaixo dos panos. Seja como for, no escurinho ou em plena luz do dia, Malafaias e afins não cansam de aprontar, nem de surpreender.

Primeiramente, no que tange ao BEM. Não é segredo para ninguém: eles tem o dom incansável de cuidar e meter a mão no BEM ALHEIO. Quando são pegos com a boca na botija, o que graças a Deus e a imprensa tem acontecido, o pobre do demônio é que leva a culpa.    

Em segundo, no quesito ORIGINALIDADE: o slogan da manifestação é um avatar do A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, de 1964. Todo mundo sabe no que deu. Nada de pacífico.

Em terceiro, na CARA DE PAU. Vamos por partes: 

- Defesa da família tradicional? O pastor F (eu jurei não tocar mais no nome dele) já explicou: “mulher veio para ornamentar o mundo e ornamentar a vida do homem. Deus fez a mulher da costela. Ou seja, para andar ao lado do homem. Para estarem juntos, para ambos buscarem os seus direitos e ambos acreditarem e construírem uma vida.” Leia-se: mulher limpa a casa e cuida dos filhos enquanto o marido vai para a rua. 

- Defesa da Vida? Bem, “vida”, parafraseando um amigo, é uma “palavra gorda”, pode se referir a fungos, bactérias, células, vegetais, animais, seres humanos, meio ambiente etc. Está bem assim: quero crer que os evangélicos amam o verde, o sol, a lua, o arco-íris, a natureza...e acima de tudo, o respeito incondicional a todos os seres que dela fazem parte.

- Agora, defesa da liberdade, seja ela de expressão ou religiosa? Assassinos da liberdade em defesa da liberdade? Como assim???? Cara de pau é pouco. Se fosse só por isso, daria para rir. Mas como esses assassinos já deram mais do que provas do que são capazes, é preciso levá-los muito a sério, ter coragem de dizer e firmeza no agir: liberdade ZERO para eles.

Agradeço ao anônimo leitor o convite e mais ainda sua boa intenção. Já anotei dia, hora e local na agenda, com letras bem grandes e um X em vermelho. Impossível perder esta ocasião: tenho os demais 364 dias do ano para ir à Brasília.