27 de março de 2013

0

O não saber que nos une





Relendo a "Apologia de Sócrates", texto de Platão, damo-nos bem conta de que aquele que crê saber, não procura saber. 
É o caso dos deuses. 
Também dos psicóticos. 

Uns e outros não desejam saber, tampouco precisam buscar saber, posto que são a própria sabedoria. Em outras palavras, não são filósofos. 

Quem pensa saber, satisfaz-se consigo mesmo ignorando a própria ignorância. A consciência de não saber, ou o fim da ilusão de saber, é condição sine qua non para o questionamento: qual o sentido da minha existência? qual o sentido dos meu atos? Filosofar, é acima de tudo, não saber, dar provas de nossa insuficiência em relação à verdade.

Lembrei de Lacan que no seu estilo provocativo afirma: "Eu digo sempre a verdade, nem toda, porque dizê-la toda é impossível". Sócrates possui a particularidade de nunca responder às questões mas sempre relançar o enigma. O analista, por sua vez, presentifica o enigma. 

Lacan socrático, Sócrates lacaniano. 

Seja como for, filósofos e psicanalistas - refiro-me naturalmente aos que mantém uma postura honesta com si próprio - tudo a ver.  

Com não saber.


Nenhum comentário:

Postar um comentário