25 de agosto de 2012

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Tudo a ver


"Para saber uma verdade qualquer a meu respeito, 
é preciso que eu passe pelo outro." 
Jean-Paul Sartre

Digam o que disser,

oponham o que quiser,
briguem, esperneiem, não, não e não! -
Sartre e Lacan, tudo a ver. 


22 de agosto de 2012

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De-pressão

Depressão é de-pressão: o prefixo “de” indica perda de pressão na existência. Perda de energia, de vitalidade, de desejo, de apetite, de sono, de esperança, de tempo, de prazer. No estado depressivo, a pessoa se confronta com uma falta que, em vez de ser suporte de um desejo, provoca a abdicação do desejo. Trata-se de uma falta articulada a uma perda que não consegue ser simbolizada pela linguagem. Depressão não é doença, não existe como tal: é efeito da linguagem na sua dificuldade de nomear a falta, o objeto sexual.

20 de agosto de 2012

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O anjo profético



"Raul : Não seria melhor, por exemplo... Psicanálise?

Gilberto: Não, Raul! Quero um lugar em que eu possa gritar, onde eu seja amarrado materialmente! Psicanálise, não. Calmantes, eu quero calmantes! Ou, já sei: malária! Não acredito em ps
icanálise, mas acredito em febre! Quero que a febre queime os miolos da minha cabeça e, sobretudo isto: não quero pensar. Não quero, não quero, não quero!"

(Trecho de Perdoa-me por me traíres, de Nelson Rodrigues)



E tem gente que ainda acha que Nelson Rodrigues é pornográfico.


Profético, isso sim.


No mundo contemporâneo de imediatez e irreflexão, de resultados a jato e sem esforço, Nelson nunca foi tão atual.


Quem há de desdizê-lo?



17 de agosto de 2012

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Si non è vero...

Foto: Acabo de ler uma frase atribuída a Marlon Brando:

"O principal benefício que atuar tem me oferecido é o dinheiro para pagar o meu psicanalista"

Como dizem os italianos: si non e vero e ben trovato

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Angústia

A angústia é um efeito do Real, mas também uma proteção contra o Real, que é insuportável. Na angústia, o simbólico é requisitado como se ordenasse ao Real: pare! A angústia é uma forma de suportar a existência, uma tentativa de compreender, o que não significa que se compreenda.

14 de agosto de 2012

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Demanda e desejo


A gente nunca deve levar o que ouve ao pé da letra.
Você tem fogo? - pode querer dizer: fica comigo?
Vai embora, não quero te ver nunca mais - pode significar: eu te amo.

13 de agosto de 2012

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Amor de transferência

A gente ama quem a gente acha que responde a questão: quem sou eu? Amar é supor no outro um saber sobre o meu ser. Por isso, Lacan chama a relação do analisando com o analista de amor de transferência.

7 de agosto de 2012

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Criação de inconsciente

Para que o inconsciente se abra, é preciso antes criá-lo. É na análise que se cria o inconsciente. Fora da situação analítica, não há inconsciente.

6 de agosto de 2012

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Significante e singularidade absoluta

O analista está aí para fazer com que o analisando ouça a verdade do que é dito. A linguagem, por natureza, supõe que uma palavra queira dizer aproximadamente a mesma coisa para todos. Na prática analítica, no entanto, trata-se de ir além e supor que a mesma palavra signifique algo singularmente para um sujeito e não para outro. É o que Lacan chama de significante. Significante não é exatamente idêntico a palavra. Pode ser uma palavra, evidentemente, desde que esta represente um sujeito, pois nem todas as palavras representam um sujeito. O que isso quer dizer? Simplesmente que a estória de cada um de nós é marcada por certas palavras que nos foram endereçadas, e que possuem esse valor particular: elas nos identificam, nos singularizam totalmente. Em cada caso, é preciso ouvir a significação específica atrelada a um significante que representa um sujeito.

3 de agosto de 2012

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Postura do analista

O simbólico é totalmente heterogêneo, estrangeiro a nós, ao nosso corpo. Ele é tudo, menos o carnal. Vemos isso na experiência analítica, onde mal se dá um aperto de mão. Quando entramos no consultório do analista, entramos numa ordem extremamente sofisticada, abstrata. Ao mesmo tempo, Lacan insiste na presença do analista, sua imagem, sua voz, sua maneira de andar, os barulhos que ele faz, os sinais que ele dá com seu corpo.

2 de agosto de 2012

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Demanda de Ser

Anotado em Paris 8:

Para Lacan, toda demanda é demanda de amor endereçada ao Outro. Quando o analisando diz ao analista: me diz alguma coisa - no fundo está pedindo: me conforta, acalma minha angústia, me satisfaz, me dá Ser.

1 de agosto de 2012

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Mercurocromo


Anotado em Paris 8:
“Quando uma criança se machuca e a gente assopra, dá beijinho, passa mercurocromo, na verdade está fazendo algo essencial,  colocando ela num discurso, num simbólico: eu estou aqui, eu amo você, vai ficar tudo bem”